O dia mais cinzento e fresco mas que terminou em grande, definitivamente: essencialmente porque sobrevivi 😊
O hoje estava reservado à zona Norte de Lanzarote. Houve uma lógica: é sábado e há mercado de artesanato em Haría, uma vila lá em cima!
Em primeiro lugar decido passar por Teguise mas vou até lá através de uma rua de terra. Encontrei três camelos a pastar, tão fofos! Reparei que têm que levantar o pescoço para mastigarem e engolirem a erva, facto curioso para mim!
Depois de Teguise rumo a Guatiza e vou visitar o Jardin de Cactus, criado pelo fantástico artista que fez maravilhas nesta ilha, César Manrique! Fiquei com a sensação que há milhentas espécies de cactos pelo mundo fora e muitas estão representadas neste jardim.
Agora sim, farei a próxima parecem em Haría. Viro para Tabayesco e o caminho daí até Haría é muito bonito mas também deveras sinuoso! E quase só passa um carro de cada vez na sua largura. Encontram-se imensos ciclistas nesta estrada, ah valentes!!!
Haría tem muitas palmeiras e o mercado de artesanato é engraçado. Fiz uma caminhada de máquina fotográfica ao pescoço e não me arrependi. Há aqui também uma casa museu de César Manrique. Não a visitei pois a ânsia de ar livre e natureza é maior.
O mirador del río aparentemente também foi criado por Manrique, mas estava imenso nevoeiro (não ia ver bem a vista) e também uma grande excursão em fila para entrar. Dei meia volta rumo ao sol do centro da ilha!
O almoço em Teguise foi fantástico: era a única cliente a almoçar àquela hora. Esvaziei o prato e pude ouvir o silêncio dentro de um restaurante, um delírio! Teguise foi a primeira capital de Lanzarote no século XV, e vale a pena caminhá-la, é uma bonita cidade! Ao domingo de manhã há mercado aqui.
Por fim, eis que, após pesquisa durante o almoço, experimento a caminhada que parte da localidade de Tenesar, próximo de Tinajo, sempre por cima de pedras vulcânicas, até à praia Islote. Não encontro o link onde li testemunho desta caminhada, mas com alguma dedicação, quem for curioso há-de encontrar alguma informação sobre este trilho.
Esta caminhada teve duração aproximada de uma hora e eu era a única pessoa a fazê-la naquele momento! A minha intenção seria apreciar o pôr do sol no mar, eu entre tanta lava seca e numa pequena praia que só tem acesso através do trilho (Islote); a máquina fotográfica iria fazer maravilhas por mim e eu sentiria a verdadeira sensação de liberdade e êxtase por estar totalmente inserida numa paisagem natural, deserta, mística, misteriosa, que acredito tantos lugares vulcânicos ofereçam!
O trilho é por vezes muito tosco de se compreender e é preciso um bom calçado que não se danifique facilmente com tantas pedras irregulares de calcamos. A partir de certa altura comecei a ganhar medos: estava mesmo ao lado do mar revolto que luta sistematicamente contra a parede de lava e o trilho foi criado no limite dessa mesma parede! A altura entre mim e o mar começou a aumentar e percebi que olhar para o mar já não tinha encanto mas sim medo! Pensei em cenários assustadores enquanto caminhava por cima daquelas pedras mortas. O contraste entre essas pedras e o mar que não pára de se mexer é tão fantástico quanto assustador. Hesitei por duas vezes, em dois momentos quis voltar para trás e falei comigo mesma. Mas não… Não desisti, arrisquei, até porque esta viagem foi realizada para isso mesmo, para não desistir.
Continuei a caminhada até encontrar a tal pequena praia de areia preta mas tão brilhante – Islote. Mais caminho havia por fazer se eu quisesse (praia de Gaviota), mas a minha meta era aquela. E o sol já se escondia entre nuvens passageiras, as pedras e o mar! Aí, nessa praia, criei um plano para o caminho de regresso: meti música nos ouvidos para não ouvir a Natureza em seu esplendor, não olharia mais para o mar, caminharia mais rápido um pouco e as fotografias seriam suspensas. E assim foi, e assim sobrevivi. Repetiria o que fiz mas ainda bem que já está feito! Sempre há dias em que a zona de conforto nos é tão prazerosa!
E por isto e por muito mais, terminei o meu último dia de estada em Lanzarote em grande. Há muito mais a fazer nesta ilha mas nem tudo nesta vida deve ser feito de uma vez só!
Boas viagens a vós que me lêem e não esqueçam de sair do conforto de casa de vez em quando!